fevereiro 22, 2009
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fevereiro 12, 2009
Um Belo Coração
Uma multidão o cercava e todos admiraram o seu coração. Não havia marca ou qualquer outro defeito. Todos concordaram que aquele era o coração mais belo que já tinham visto. O jovem ficou muito orgulhoso por seu belo coração.
De repente apareceu um velho diante da multidão e disse:
-Por que o coração do jovem não é tão bonito quanto o meu?
A multidão e o jovem olharam para o coração do velho, que estava batendo com vigor, mas tinha muitas cicatrizes. Havia locais em que os pedaços tinham sido removidos e outros tinham sido colocados no lugar, mas estes não encaixavam direito, causando muitas irregularidades. Em alguns pontos do coração, faltavam pedaços. O jovem olhou para o coração do velho e disse:
-O senhor deve estar a brincar ... Compare os nossos corações. O meu está perfeito, intacto e o seu é uma mistura de cicatrizes e buracos.-Sim – disse o velho. – Olhando o seu coração parece perfeito, mas eu não trocaria o meu pelo seu. Veja, cada cicatriz representa uma pessoa para a qual eu dei o meu amor. Tirei um pedaço do meu coração e dei a cada uma dessas pessoas. Muitas delas deram-me também um pedaço do próprio coração para que eu o colocasse no meu, mas como os pedaços não eram exatamente iguais, há irregularidades. Mas eu as estimo, porque me fazem lembrar do amor que compartilhamos. Algumas vezes, dei pedaços do meu coração a quem não me retribuiu. Por isso há buracos. Eles doem. Ficam abertos, lembrando-me do amor que senti por essas pessoas ...Um dia espero que elas retribuam, preenchendo esse vazio. E então jovem? Agora compreendes o que é a verdadeira beleza?O jovem ficou calado e lágrimas escorriam pelo seu rosto. Ele aproximou-se do velho, tirou um pedaço de seu perfeito e jovem coração e ofereceu ao velho, que retribuiu o gesto. O jovem olhou para o seu coração, não mais perfeito como antes, mas mais belo do que nunca. Os dois abraçaram-se e saíram a caminhar lado a lado.
fevereiro 09, 2009
Tens a eternidade para sorrir...
Ainda não temos a eternidade, ou já a começámos?
A eternidade é de facto um estado intemporal para o qual a humanidade é convidada a entrar. Podemos dizer que esta intemporalidade já acontece a partir da nossa Criação, na medida em que para nós nunca há um fim, a não ser Deus, e que neste caso é a própria Eternidade, ou não há um princípio, sendo que o único princípio é Ele mesmo - o Princípio.
Sorrir é já um acto eterno, na medida em que agora o realizo e poderei continuar a fazê-lo, desde que eu permaneça neste ciclo intemporal contínuo.
Porque não acreditar nisso?
Se participamos já na vida do Pai, pelo Filho no Espírito Santo, então como poderão passar um dia todas as coisas boas? Sorrir é bom e como tal é dom de Deus e por isso não pode passar....
Podemos pensar apenas que temos todo o tempo do mundo para sorrir.... É verdade, mas torna-se mais limitado...
Todos temos o tempo do mundo para sorrir, e por isso sorrir torna-se urgente, pois o mundo urge por um sorriso e torna-se necessário porque o mundo necessita e limita-se à temporalidade, porque também o mundo é em si mesmo limitado temporalmente.
Vamos sorrir então... Ontem, hoje e amanhã (sempre!!!). : - )
fevereiro 04, 2009
O sorriso das crianças...
E isto faz-me pensar se de facto o sorriso é um acto espontâneo ou premeditado, ou será que pode ser os dois, ou nenhum... em que confusão me estou a meter!?
Mas, à parte das confusões, esta questão do sorriso leva-me a pensar nas crianças, e no seu sorriso!!
Até a dormir, os bébes com poucos dias de vida esboçam sorrisos! E agora saber porquê... Será que já sonham com praias de areia branca ou gelado de chocolate?? :-)
E acreditem, que apesar de ser um grande mistério, é também um grande remédio... conseguir um sorriso de uma criança faz-me sentir uma pessoa melhor e acreditar que no mundo em que vivemos ainda existe esperança...
Vamos todos sorrir como as crianças... com o coração!!
Boa semana sorridente para todos!!
fevereiro 03, 2009
O rapaz e o seu chão
Nesses seus passeios em que esse rapaz ia olhando para o seu progressivo chão, tantas coisas que lhe iam ocorrendo. Uns dias dedicava-se a contar quantos quadrados tinha o passeio da rua, outras vezes ia anotando como eram diferentes o calçado das pessoas e as formas como as suas roupas se precipitavam para o chão. E em todos esses trajectos ia imaginando como seriam de facto a cara das pessoas. Tentava, por vezes, calcular se estariam contentes, tristes ou chateadas, se aquele seria um dia bom ou um dia mau, se estavam ou não com pressa. No fundo, no chão e pelo chão aquele rapaz ia conhecendo ou aprendendo novas formas, pensava ele, de conhecer o mundo e de ser conhecido. O certo é que na escola onde andava, vencia todos os concursos que havia, como aquele, recordo-me de alguns, em que se tinha de contar todas as escadas da escola, um outro que era contar os azulejos dos corredores (e que grandes que eles eram). E isso valeu-lhe alguma fama, e muitos prémios.
Mas como tudo, esta fama e estes prémios pagam-se caro. Quando passava nos átrios da escola, com o seu habitual olhar baixo, com o cabelo ligeiramente descaído para a frente, ia ouvindo risos e conversas como estas “olha aquele ali que ganhou o concurso dos estrados… pudera está sempre a olhar para o chão. Sabias que agora há um concurso que é contar as lâmpadas da escola? Ahahah”. E isto ia entristecendo o rapaz que parecia perceber muito de matemática e estatísticas mas que de facto nada de percebia de lâmpadas, estrelas ou mesmo de pessoas.
Um dia, saindo de casa, como sempre pontual e sem grandes pressas, viu no chão da paragem do auto carro uma capa de um jornal, já sujo e amarrotado. Tinha como título “Este sorriso diz tudo”. Mas o que o cativou foi mesmo a imagem: uma criança fazendo um dedo de fixe para um soldado que a tinha acabado de salvar. Mas não foi o dedo ou o soldado que o deixaram curioso, foi o sorriso que a criança lançava para cima, na direcção do soldado.
(continua….)
Dá-me um sorriso [Gratuito]!
[p.s. é só para não ficar muito longa, ou porque agora não é tempo de a continuar. Deixa-me antes ir contar os degraus que me levam até à cozinha para jantar]
O sorriso... expressão da alma... ou do sentir do ser...
William Shakespeare
Ser ou não ser era a questão que o dramaturgo inglês lançava como uma questão intemporal e que havia tido origem milénios antes, mas que ao seu tempo via necessário recuperar.
A nossa existência é em nós uma realidade necessária e absoluta, de tal forma que não a podemos evitar. Existimos... somos... É mesmo assim, e nada altera esta verdade ontológica.
Enquanto seres humanos, racionais por natureza e definição, alicerçados num fundamento ético e axiológico, cabe-nos encontrar meios de nos expressar. O espírito que habita cada um de nós (e não me refiro ao Espírito!)tem uma vivência, tem situações, momentos, sentimentos, e outros tantos acontecimentos que não cabem apenas na nossa humilde, mas complexa estrutura ontológica. Eu sou, existo e portanto vivo diversas situações consoante aquilo que sou e aquilo que quero ser, ou mesmo mediante aquilo que me é dado ser, viver e a existir.
Exprimir o que a alma sente, ou que nós sentimos ou mesmo o que somos, é tão difícil quantas pessoas existem no mundo e portanto quantas almas existem e se relacionam. Mas podemos, creio, ver no sorriso essa forma tão singular e tão singela para exprimir o que vivo e sinto.
Dizem que os olhos são o espelho da alma... Concordo e corroboro. Mas também o sorriso inocente, delicado, propositado, "amarelo", condescendente, tímido, envergonhado, interessado, ... também ele (ou todos eles) é expressão da alma, e portanto reflecte o que ele é ou pode ser. Quando sorrio, sorrio para alguém e por isso ao sorrir, faço-o com o propósito de me comunicar, ... Também posso sorrir sozinho, e aí poderei sorrir de situações curiosas que a extensa memória guarda em si mesma. Mas lá está! Sorrio de um acontecimento partilhado, não necessariamente isolado de um outro. Se assim é, então lá comunico aquilo que trago nas minhas memórias, que integram o meu ser e portanto, expressam o que também sou...
Quando sorrirmos não o façamos sem a consciência de que poderemos estar a reflectir a nossa maneira de ser e de existir e portanto, a nossa alma, a um outro, que em si mesmo também guarda as motivações do seu sorriso, e com ele, guarda aquilo que ele é.